Na edição 2349, de 27/11/2013, Veja publica uma reportagem de Giuliano Guandalini relatando a difícil situação do STF. O julgamento das ações que questionam os critérios de correção das aplicações de cadernetas de poupança usados nos planos de estabilização econômica anteriores ao Real.
São mais de vinte anos de briga judicial. Os juízos de primeira instância, em sua maioria, decidiram a favor dos poupadores. Aí tem início a guerra recursal que termina no colo dos Ministros do STF. Segundo a reportagem de Gaundalini, são cerca de 1 milhão de ações individuais e outras 1.000 coletivas. Cálculos do Banco Central apontam para um valor de 150 bilhões de reais a serem pagos aos poupadores se o STF considerar inconstitucionais as leis e regras que foram utilizadas para corrigir os depósitos.
O problema são os desdobramentos de uma indenização dessa monta. Esse valor passaria de lucro a prejuízo para os bancos, que deixariam de recolher 60 bilhões de reais em imposto de renda e outros tributos, gerando déficit para o Tesouro.
Outra consequência desastrosa. O crédito oferecido pelos bancos ao mercado é de cerca de 9 vezes seu capital. Com a perda de 150 bilhões, o crédito sofreria uma redução de 1,35 trilhões de reais, ou metade do crédito atual.
Descapitalização do sistema financeiro com a consequente insolvência de várias instituições, quebradeira, desemprego, caos.
A revista veja coloca a questão como tendo sido "tratada, nos tribunais, pelo seu lado social, como um embate entre grandes bancos e pequenos investidores". Por outro lado, afirma que o que está em jogo, agora, pelo volume de dinheiro envolvido, "é se o Brasil vai ser jogado em uma crise financeira e fiscal sem precedentes".
A reportagem termina dizendo: "Nos períodos em questão, 2% das cadernetas concentravam mais de 50% das aplicações. Uma decisão temerária (sic) do STF, portanto, vai favorecer os muito ricos, que ganharão à custa do sacrifício da maioria da população".
Vejamos se eu entendi. Então, trata-se de uma decisão que irá favorecer "a zelite", a burguesia opressora, em detrimento da maioria proletária. A alternativa é deixar 150 bilhões de reais, pertencentes aos poupadores, definitivamente nas mãos dos grandes bancos? Quem são os opressores, cara pálida?
Se a correção tivesse sido deixada por conta do livre mercado, não teríamos, agora, tamanho abacaxi para descascar. E nós, os conservadores, somos os fascistas?