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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Torturadores, Terroristas e alunos de História


Esse texto, embora longo, é necessário para a compreensão do pensamento esquerdista e da formação de professores no Brasil. Foi, inicialmente, publicado em 26 de maio de 2014 e editado em 10/09/2020, baseado na troca de mensagens entre dois estudantes do curso de História/Licenciatura Plena. Alerta: Esse texto não é recomendado para pessoas de geleia.


Torturadores, Terroristas e alunos (futuros professores) de História

 

Recebi, ontem, uma mensagem pelo Facebook de uma ex-colega de faculdade. Nós cursamos História, Licenciatura Plena, na mesma turma. Eu, por razões óbvias, abandonei o curso no 3º período. Ela irá formar-se no final deste ano. Vejam o teor da mensagem:

Amigo,vc viu ? Mais um torturados (sic) confessa as barbaridades que fez. Leia O globo de hoje. Será que este também vai enfartar? Viu, como existiram " justificativas" para combater o comunismo. Na verdade, eu ouvi cantar o galo e sei muito bem onde.


De imediato busquei ler a reportagem no Globo online. A reportagem parece um daqueles filmes de terror de baixo orçamento, em preto e branco. A mim, chamou a atenção a declaração final do “torturador”: “Não tenho o menor peso na consciência”. Eu me pergunto o que faz alguém, que não tem arrependimento algum, confessar um crime, um pecado praticado. Mas isso é uma questão de foro íntimo e só quem confessou poderia esclarecer a questão. De fato, não nos interessa aqui.

 

Neste arrazoado, tentarei utilizar argumentos baseados, principalmente, em informações de fontes da esquerda e no Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella. A utilização de argumentos construídos por integrantes da direita não teria o mesmo peso que as palavras de um dos mais encarniçados inimigos do regime militar. Estes argumentos não podem ser refutados sob pena de contradizer o discurso esquerdista.

 

Todos nós sabemos que a tortura existiu durante o regime militar. Nenhum de nós pensa em justificar os atos do torturador. Mas vamos olhar o problema da tortura de outro ponto de vista. A tortura como arma de guerra. Nas palavras do Gen. Leônidas Pires Gonçalves, ex-ministro do Exército no governo Sarney, “A guerra não tem nada de bonita. Só a vitória”. A guerra em si já é algo desumano. Uma guerra intestina, em que compatriotas se digladiam é algo ainda mais imoral. Apesar disso, ambos os lados utilizam as armas de que dispõem para atingir o “inimigo” da forma mais eficiente possível.


É necessário, antes de mais nada, definir aqui os lados que participaram da luta armada no Brasil na época do regime militar. Um deles era uma pequena parte da esquerda nacional, principalmente aquela formada por dissidências do PCdoB (este já uma dissidência do PCB), que adota a violência como forma de ativismo político. Vejamos, então, uma das formas de atuação desses grupos, nas palavras de Carlos Marighella:

 

“O terrorismo é uma ação, usualmente envolvendo a colocação de uma bomba ou uma bomba de fogo de grande poder destrutivo, o qual é capaz de influir perdas irreparáveis ao inimigo.

O terrorismo requer que a guerrilha urbana tenha um conhecimento teórico e prático de como fazer explosivos.

O ato do terrorismo, fora a facilidade aparente na qual se pode realizar, não é diferente dos outros atos da guerrilha urbana e ações na qual o triunfo depende do plano e da determinação da organização revolucionária. É uma ação que a guerrilha urbana deve executar com muita calma, decisão e sangue frio.

Ainda que o terrorismo geralmente envolva uma explosão, há casos no qual pode ser realizado execução ou incêndio sistemático de instalações, propriedades e depósitos norte-americanos, fazendas, etc. É essencial assinalar a importância dos incêndios e da construção de bombas incendiárias como bombas de gasolina na técnica de terrorismo revolucionário. Outra coisa importante é o material que a guerrilha urbana pode persuadir o povo a expropriar em momentos de fome e escassez, resultados dos grandes interesses comerciais.

O terrorismo é uma arma que o revolucionário não pode abandonar.”

Mini-Manual do guerrilheiro urbano – Carlos Marighella

Disponível em: http://goo.gl/5b5EJL

 

O outro lado era formado não pelas Forças Armadas, mas pela Comunidade de Informações*, composta por cerca de 1% do contingente das FFAA e por pequenas parcelas das polícias civis, militares e federal. Os meios utilizados foram, basicamente, a Oban – Operação Bandeirantes, os Centros de Operações de Defesa Interna – CODI e seus Destacamentos de Operações e de Informações – DOI.


A principal característica da luta armada era a de ser uma Guerra Assimétrica. Uma luta desigual, na qual as forças institucionais, organizadas, lutavam contra um inimigo sem uniforme, oculto, que sempre atacava de surpresa em locais improváveis.

“A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para qual atua e sobrevive, é o de atirar”.

“Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano - ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas”.

Mini-Manual do guerrilheiro urbano – Carlos Marighella


Penso que já esteja configurada a personalidade do guerrilheiro urbano que produziu a luta armada. Vamos, agora, definir outro aspecto do problema: O ovo ou a galinha?

Se formos ler a Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, popularmente chamada de Lei da Anistia, podemos observar em seu Art. 1º: “É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979...” A primeira pergunta é o porquê da abrangência da anistia a partir de setembro de 1961, dois anos e meio antes do “golpe” militar. Simplesmente porque a luta armada teve início em fins de 1961. Assim, a "repressão", tão execrada pela esquerda, não passou de um processo de legítima defesa da Nação.


A essa época, Francisco Julião e suas Ligas Camponesas já trabalhavam a ideia de uma luta armada, radicalizando o discurso com o slogan "Reforma agrária na lei ou na marra, com flores ou com sangue" (https://bit.ly/3m80Ytl).


Em 1961, Julião vai a Cuba para tratar do apoio do regime de Castro à luta armada no Brasil, incluindo a tratativa do envio de armas para as Ligas e o treinamento de militantes. Castro, cujo regime estava compromissado com o “foquismo”, autoriza a formação de pessoal das Ligas em cursos de treinamento militar (https://bit.ly/3bKb1Qm).

 

Em O apoio de Cuba à luta armada no Brasil, da doutora em História Denise Rollemberg (RJ) (https://amzn.to/3hoKsBO), a autora afirma que:

"Há informação de que Clodomir Morais e mais 11 membros das Ligas, alguns ex-membros do PCB, teriam feito o «curso de guerrilhas, em Cuba», entre 28 de julho e 20 de agosto de 1961, com mais 40 latino-americanos, numa viagem a pretexto de participar das comemorações do 26 de julho: «O curso foi o segundo desta natureza patrocinado pelos cubanos, sendo que o primeiro foi dado em maio de 1961, também em Cuba. A instrução constava de exercícios diários de tiro ao alvo, manobras de guerrilhas simuladas nas montanhas dos Organos, e manejo e identificação de armas e doutrinação ideológica. Os estagiários eram instruídos no desmontar, manejar e a manutenção de armas de fogo norte-americanas(...). Foram ensinados como fazer o 'coquetel Molotov' e a bomba incendiária 'M-26'".

 

Já as ações das organizações terroristas que pululavam no Brasil a partir de 1964 baseavam-se no Mini-Manual de Marighella e tomaram a forma de guerra assimétrica (guerrilha e terrorismo). Ora, não se pode perseguir um inimigo que não se vê. Não seria factível a utilização das Forças Armadas nesse tipo de combate. Nesse ponto entra em ação a Comunidade de Informações.

 

Nessa guerra assimétrica a informação é essencial. E ninguém, em seu juízo perfeito, vai esperar que indivíduos capazes de assassinar a coronhadas de fuzil, um tenente da Força Pública de São Paulo, desarmado e tomado como refém, cortar seus testículos e enfiá-los em sua boca – caso do Ten. Alberto Mendes Junior, morto por Carlos Lamarca e seus comparsas – sejam tratados com nobreza e cortesia por parte de quem necessita de informações no menor tempo possível, a fim de evitar outros possíveis atos terroristas. Em meio a atos desumanos, a tortura emerge como arma de guerra, imoral, hedionda, mas eficiente.

 

O primeiro a “confessar” os crimes cometidos durante o regime, o Cel. Paulo Malhães, foi morto (foi “infartado”) por três homens que invadiram seu sítio, simulando latrocínio. A pergunta de minha ex-colega faz sentido. Será que o Cel. PM Riscala Corbaje também será “infartado”? Ora, depois de terem sequestrado, torturado, empalado e “infartado” Celso Daniel, não me espantará que Corbaje tenha o mesmo fim. Afinal, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), afirma no Twitter "O único militar torturador que contou o que fez e o que sabia foi assassinado. Queima de arquivo evidente".


Quanto à afirmação final sobre “saber muito bem onde canta o galo”, só posso concluir que, de fato, eu estava correto em abandonar o curso de História daquela faculdade (ou de qualquer outra, até prova em contrário). É estupefaciente o nível de nossos futuros professores de História. Conhecimento e lógica passam longe deles. Estão sendo formados sob o signo da desonestidade intelectual e da histeria de seus professores esquerdistas.

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* A Comunidade de Informações foi criada no Brasil pelo Presidente Washington Luís Pereira de Souza, em 1927. Desde então, seu nome e sua estrutura vêm sendo alterados de acordo com a política governamental, preservando sua autonomia e sua política de estado. Hoje, a Comunidade de Informações, reunida no SISBIN - Sistema Brasileiro de Informações, é coordenada pela ABIN.

domingo, 18 de maio de 2014

A Polícia Militar de Goiás colaborando na Educação do Estado



No dia 7 de março deste ano, o G1 (site de O Globo) publicou matéria sobre a transferência da administração de escolas públicas de Goiás para Polícia Militar. A coordenação pedagógica continua a cargo da Secretaria Estadual de Educação mas o organização e disciplina passam a ser responsabilidade de um oficial PM que assumiu a diretoria e uma equipe de militares.



Após a esperada reação contrária inicial, deparamo-nos com opiniões como essa: “No início eu me revoltei, odiei. Hoje adoro, não troco por nada”, Luísa Roriz, de 16 anosque estuda em Valparaíso.



Obviamente, opiniões externas contrárias, da parte de “especialistas” no assunto, são esperadas. Vamos comentar algumas delas.



Wanderson Ferreira Alves, professor de políticas educacionais na Universidade Federal de Goiás (UFG), declarou ao G1: “Não há dúvida de que a escola, para funcionar bem, deve ter normas claras e ser exigente. Mas isso nada tem a ver com militarização. Experiências exitosas no mundo fizeram o caminho inverso, aproximando a escola da comunidade e horizontalizando relações hierárquicas”.



Para começar, nenhuma instituição funciona de acordo com suas finalidades sem que haja a exigência do cumprimento de normas estabelecidas para a consecução dos objetivos. E isso requer, entre outras coisas, disciplina, e hierarquia. Um coordenador pedagógico não irá coordenar (desempenhar sua função) se não possuir ascendência hierárquica sobre aqueles que precisa coordenar. Elementar, não(?). A horizontalização de relações hierárquicas traduz-se no desaparecimento dessas relações.



Contrariando a opinião do Sr. Wanderson Alves, a vice-diretora do Fernando Pessoa, Glaucia Ermínia dos Santos, que foi mantida no cargo, afirma que o cenário “é outro” desde a chegada da PM: “A questão disciplinar mudou gritantemente. Tínhamos problemas de tráfico de drogas e prostituição. Professores tinham medo dos alunos”. Ora, isto é um retrato da realidade. O professor Wanderson não cita que experiências “exitosas” são essas a que se referiu e, de qualquer maneira, mesmo que elas existam, seriam essencialmente diferentes das realidades goiana e brasileira.


Frederico Marinho, pesquisador de segurança pública na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), classifica a medida como “maquiagem ideológica”, “tentativa de doutrinação dos alunos” e “aberração” e afirma que nada tem a ver com segurança pública.


Muito bem! Em entrevista ao jornal O Tempo, o sr. Frederico Marinho disse que o avanço da criminalidade no Estado de Minas Gerais desde 2010 (73,8%) tem relação direta com a falta de investimentos e de políticas públicas na segurança. "Pior que o aumento sistemático da criminalidade é a falta de resposta do Estado em curto prazo". Parece que, quando o Estado encontra uma maneira prática de pronta resposta ao problema da segurança, o sr. Frederico encontra, por outro lado, um jeito de atrapalhar a solução.


A opinião desse “especialista” em segurança pública, Frederico Marinho, antagoniza radicalmente o depoimento da estudante Erisvânia Chagas, de 15 anos, Novo Gama. “Era tudo bagunçado. Tinha gente usando drogas nos banheiros. Agora até o bairro está mais seguro. O melhor é sair e ver uma viatura na rua”.


Já o Capitão PM Francisco dos Santos Silva, diretor do Colégio Fernando Pessoa, defende o modelo adotado pelo governo de Marconi Perillo (PSDB). Ele é formado em Pedagogia e foi professor da rede estadual antes de ser policial. E diz que um dos objetivos é melhorar a nota da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), método avaliador do Ministério da Educação. O Cap. Francisco é alguém que conhece os dois lados da moeda, do professor da rede pública e do policial. Ele deve, com certeza, saber do que fala.


E para encerrar, já que outras opiniões contrárias são de tal maneira patéticas que nem ao menos valem ser comentadas, o pedreiro Cleuber Bispo da Silva, de 44 anos, afirma: “Meu menino mudou de comportamento. Passou até a arrumar mais o quarto”. Seu filho, de 11 anos, está no 6º ano do ensino fundamental do Colégio Fernando Pessoa.

Que os especialistas se entendam com os pais e os alunos desses colégios. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

Sistema Carcerário, psicopatia e demagogia



Quem assistiu a “Grande Reportagem” do Domingo Espetacular, ontem na TV Record, sobre o crime organizado, a população carcerária e a articulação dentro dos presídios para a realização de atentados terroristas durante a Copa 2014, teve oportunidade de testemunhar o discurso de José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, classificando nosso sistema prisional como medieval, violador de direitos humanos e, principalmente, fator de impedimento da reinserção social do detento.


Não resta dúvida sobre a desumanidade do sistema carcerário, porém a solução para o problema não passa pela demagogia do poder constituído e de parcela da comunidade intelectual.  Antes de promover a humanização do sistema é necessário que se compreenda que há uma diferença essencial, traduzida em um abismo de proporções intransponíveis, entre aquele cidadão que, em um momento de desvario, por ser de natureza humana, comete um crime e aquele outro, a quem não podemos chamar de cidadão, que tem o crime como comportamento intrínseco de sua natureza – o psicopata.


A psicopatia, também conhecida como sociopatia, personalidade antissocial, personalidade psicopática, dentre outras, é caracterizada por um comportamento desprovido de culpa, remorso, sensibilidade e senso de responsabilidade ética. Não faz distinção de sexo, idade, extrato social ou contexto cultural. Psicopatas podem cometer desde pequenos roubos e furtos até crimes hediondos de alta complexidade. Os indivíduos com inclinação à psicopatia possuem uma deficiência significativa de empatia, ou seja, não têm habilidade de se colocar no lugar do outro; são totalmente indiferentes ao sofrimento do próximo, não se constrangem ao mentir e não sentem nenhum arrependimento ou remorso ao serem desmascarados.


A psicopatia, não aparece no Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR), nem na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), mas é tratada pela psiquiatria forense fora da caracterização tradicional de doença mental, visto que o sujeito não manifesta nenhum tipo de desordem, desorientação ou desequilíbrio, ou seja, não apresenta nenhum tipo de sofrimento psicológico.


Existe, entre os especialistas, uma divergência a respeito da possibilidade de tratamento da psicopatia. Na realidade, a maioria dos terapeutas acredita que a psicopatia não tem correção. Estudos realizados entre encarcerados demonstram que os psicopatas abandonam o tratamento, sem apresentarem progresso na terapia, muito antes dos não psicopatas.


Sem nenhum medo de errar, podemos dizer que a psicopatia é a maldade, a perversidade em suas essências. O indivíduo é aquilo que é, que sempre foi e será para sempre. Não há, pelo menos no atual estágio do desenvolvimento científico, como recuperar um psicopata e transformá-lo em um cidadão responsável, capaz de discernimento ético e moral, cumpridor das leis e das normas sociais.


Ao psicopata não bastam trinta anos de penitenciária. Ele deve ser retirado do convívio social tão definitivamente quanto é definitiva a sua psicopatia.


Àquele cidadão que cometeu um crime em momento de insensatez cabe um período proporcional em uma penitenciária, local onde deve penitenciar seu crime e ser ressocializado. Este deve ser separado do psicopata. Esta é a única solução para o sistema prisional. Enquanto este caminho não for considerado, nossas prisões continuarão a ser “masmorras medievais”. Todo o resto é demagogia.



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  Os dados sobre a psicopatia podem ser conferidos aqui.