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domingo, 18 de maio de 2014

A Polícia Militar de Goiás colaborando na Educação do Estado



No dia 7 de março deste ano, o G1 (site de O Globo) publicou matéria sobre a transferência da administração de escolas públicas de Goiás para Polícia Militar. A coordenação pedagógica continua a cargo da Secretaria Estadual de Educação mas o organização e disciplina passam a ser responsabilidade de um oficial PM que assumiu a diretoria e uma equipe de militares.



Após a esperada reação contrária inicial, deparamo-nos com opiniões como essa: “No início eu me revoltei, odiei. Hoje adoro, não troco por nada”, Luísa Roriz, de 16 anosque estuda em Valparaíso.



Obviamente, opiniões externas contrárias, da parte de “especialistas” no assunto, são esperadas. Vamos comentar algumas delas.



Wanderson Ferreira Alves, professor de políticas educacionais na Universidade Federal de Goiás (UFG), declarou ao G1: “Não há dúvida de que a escola, para funcionar bem, deve ter normas claras e ser exigente. Mas isso nada tem a ver com militarização. Experiências exitosas no mundo fizeram o caminho inverso, aproximando a escola da comunidade e horizontalizando relações hierárquicas”.



Para começar, nenhuma instituição funciona de acordo com suas finalidades sem que haja a exigência do cumprimento de normas estabelecidas para a consecução dos objetivos. E isso requer, entre outras coisas, disciplina, e hierarquia. Um coordenador pedagógico não irá coordenar (desempenhar sua função) se não possuir ascendência hierárquica sobre aqueles que precisa coordenar. Elementar, não(?). A horizontalização de relações hierárquicas traduz-se no desaparecimento dessas relações.



Contrariando a opinião do Sr. Wanderson Alves, a vice-diretora do Fernando Pessoa, Glaucia Ermínia dos Santos, que foi mantida no cargo, afirma que o cenário “é outro” desde a chegada da PM: “A questão disciplinar mudou gritantemente. Tínhamos problemas de tráfico de drogas e prostituição. Professores tinham medo dos alunos”. Ora, isto é um retrato da realidade. O professor Wanderson não cita que experiências “exitosas” são essas a que se referiu e, de qualquer maneira, mesmo que elas existam, seriam essencialmente diferentes das realidades goiana e brasileira.


Frederico Marinho, pesquisador de segurança pública na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), classifica a medida como “maquiagem ideológica”, “tentativa de doutrinação dos alunos” e “aberração” e afirma que nada tem a ver com segurança pública.


Muito bem! Em entrevista ao jornal O Tempo, o sr. Frederico Marinho disse que o avanço da criminalidade no Estado de Minas Gerais desde 2010 (73,8%) tem relação direta com a falta de investimentos e de políticas públicas na segurança. "Pior que o aumento sistemático da criminalidade é a falta de resposta do Estado em curto prazo". Parece que, quando o Estado encontra uma maneira prática de pronta resposta ao problema da segurança, o sr. Frederico encontra, por outro lado, um jeito de atrapalhar a solução.


A opinião desse “especialista” em segurança pública, Frederico Marinho, antagoniza radicalmente o depoimento da estudante Erisvânia Chagas, de 15 anos, Novo Gama. “Era tudo bagunçado. Tinha gente usando drogas nos banheiros. Agora até o bairro está mais seguro. O melhor é sair e ver uma viatura na rua”.


Já o Capitão PM Francisco dos Santos Silva, diretor do Colégio Fernando Pessoa, defende o modelo adotado pelo governo de Marconi Perillo (PSDB). Ele é formado em Pedagogia e foi professor da rede estadual antes de ser policial. E diz que um dos objetivos é melhorar a nota da escola no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), método avaliador do Ministério da Educação. O Cap. Francisco é alguém que conhece os dois lados da moeda, do professor da rede pública e do policial. Ele deve, com certeza, saber do que fala.


E para encerrar, já que outras opiniões contrárias são de tal maneira patéticas que nem ao menos valem ser comentadas, o pedreiro Cleuber Bispo da Silva, de 44 anos, afirma: “Meu menino mudou de comportamento. Passou até a arrumar mais o quarto”. Seu filho, de 11 anos, está no 6º ano do ensino fundamental do Colégio Fernando Pessoa.

Que os especialistas se entendam com os pais e os alunos desses colégios. 

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